Só de juros nos últimos 12 meses foram transferidos R$ 870 bilhões do orçamento público para os bancos. E mesmo assim, como alertou o economista Paulo Kliass, a dívida seguiu crescendo, num esquema criminoso semelhante à pirâmide Ponzi O economista norte-americano Michel Hudson, professor de economia na Universidade do Missouri, no Kansas, já vem chamando a atenção há algum tempo em seus artigos para o fato de que o cassino em que se transformou o mercado financeiro, aprisionando a maioria dos países do mundo, está se tornando, na verdade, num grande esquema “Ponzi”.

PIRÂMIDE

O esquema Ponzi é uma operação fraudulenta sofisticada do tipo “pirâmide”, que envolve a promessa de pagamento de rendimentos anormalmente altos (“lucros”) aos aplicadores à custa do dinheiro pago por novos aplicadores. Se parar de entrar, desaba tudo. O nome técnico, “Ponzi”, se refere a um grande golpista, o italiano Charles Ponzi, que criou o esquema anos atrás nos Estados Unidos.

É nesse tipo de “pirâmide” que se transformou o sistema da dívida pública no Brasil e em várias partes do mundo. No caso da ciranda com os títulos públicos brasileiros, quem sustenta o “esquema” é a população, através do desvio de recursos do Orçamento Geral para a remuneração desses títulos.

Este verdadeiro crime só funciona e se mantém com a retirada crescente e alucinada de recursos do orçamento, da produção, da área social, em suma, do conjunto da sociedade para injetar no buraco negro da especulação.

JUROS ALIMENTANDO JUROS

É exatamente isso o que estamos assistindo no Brasil. Só de juros dos títulos nos últimos doze meses até julho foram transferidos R$ 870 bilhões do orçamento público para os bancos. E mesmo assim, como alertou o economista Paulo Kliass, a dívida seguiu crescendo descontroladamente.

Com juros nominais, determinados pelo BC, de 10,5%, o país está se endividando cada vez mais só para pagá-los. O Orçamento Geral da União está espremido para garantir que a ciranda continue.

E agora o que vemos é uma pressão criminosa do mercado financeiro para reduzir as despesas obrigatórias do governo como garantia de que este esquema não será paralisado. Ou seja, querem retirar dinheiro destinado pela Constituição para a Saúde, Educação, Previdência e salários de servidores para seguir alimentando seu esquema “Ponzi”.

Mas, eles não são bobos. Mentem, dizendo que os cortes nas despesas obrigatórias seriam para suprir os recursos para investimentos. Pura falácia. Ele não querem que se toque na taxa alucinada de juros, taxa que vem alimentando os seus superlucros os últimos anos. Foram R$ 4,7 trilhões nos últimos dez anos, segundo a FIESP.

Entre juros e amortizações o país está transferindo praticamente metade de seu orçamento aos bancos. A outra metade é dividida para toda a sociedade. As despesas financeiras somam R$ 2,77 trilhões do total do Orçamento União. Destes, R$ 870 bilhões são juros. Na lei orçamentária de 2025, as despesas primárias – tudo menos as financeiras – somam R$ 2,93 trilhões.

SOCIEDADE QUE PAGA

Na metade do orçamento destinada à sociedade, as despesas obrigatórias consomem 92% enquanto as despesas discricionárias, onde se encontram as verbas para investimento, ficam com 8% deste total. O montante previsto de investimento para 2025 será de R$ 74,5 bilhões, enquanto só os juros aos bancos consomem mais de dez vezes o valor destinado aos investimentos.

Ao invés de aceitarem que o país não aguenta as despesas gigantescas e descontroladas com um dos juros reais mais altos do mundo, os sanguessugas que parasitam a sociedade iniciaram, neste segundo fim de semana de setembro, uma campanha estridente, através de sua mídia, para que o governo reduza as despesas obrigatórias. Ou seja, para que o governo esprema ainda mais a sociedade.

Desmontar a máquina pública, fechar hospitais, piorar a Educação Pública e abater aposentados é a “solução” que o “mercado” – leia-se monopólios financeiros – apresenta para manter seu criminoso esquema Ponzi.

REDUZIR OS JUROS

Não há menor explicação para que os juros continuem nas alturas como se encontram atualmente. Eles têm que ser reduzidos imediatamente e não subir, como defendem os operadores dos sistema e alguns integrantes do governo.

A cada um ponto percentual de redução da dívida, são R$ 40 bilhões que o governo pode economizar para puxar os investimentos. Dizerem que defendem os cortes das despesas obrigatórias para que o país possa investir, como fazem os bancos, é uma grande falácia. Eles querem é seguir ganhando com os juros. Para elevar os investimentos, tanto público como privado, o governo tem que, necessariamente, reduzir as despesas com os juros lunáticos que temos hoje.

  • I Cast Fist@programming.dev
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    8 days ago

    É foda porque esse tipo de notícia é igual episódio do Chaves, já vimos trocentas mil vezes desde que a gente era criança. Mais da metade do orçamento do governo vai embora pelo ralo da dívida pública e os bancos sempre ficam forçando a barra pra garantir que as coisas continuem assim. E ai de quem ousar taxar lucros e dividendos de acionistas, que é aonde esse dinheiro acaba indo