• Fernanda Lobato :Ryyca:@ursal.zone
    link
    fedilink
    arrow-up
    1
    ·
    9 hours ago

    @miugnutos @blogues @blogsbr Nasci em 1975 e a minha família - só entendi mais tarde, era a favor dos militares. Mesmo meu pai tomou um arrocho dos militares ao voltar de um show de rock no Paraguay (ele era baixista), abriram todo o carro arrancaram forro.

    Meu pai tinha tanto medo do comunismo que virou bolsonarista doido da cabeça.

    Meu tio era o mais maluco da família, tinha pasquim na casa dele e eu amava ver o rato Zig. Foi lá casa dele que eu aprendi o que era censura, pelos discos riscados que ele tinha. A gente, menor, achava que era porque os caras falavam sobre pum e vomito. Eu entendo a confusão das crianças menores no filme. A gente era livre, mas nossos pais não.

    • Fernanda Lobato :Ryyca:@ursal.zone
      link
      fedilink
      arrow-up
      1
      ·
      9 hours ago

      @miugnutos @blogues @blogsbr
      Só comecei a entender a profundidade da ditadura bem mais tarde. Sabia que tinha sido grave, errada, mas parecia algo tão distante. Meu avô era militar, tinha sido pracinha e tinha livros do Jorge Amado. Acho que ele foi um dos que foi afastado da corporação, mas ele nunca falava nada.

      Teve uma época que ele teve uma depressão profunda e daí minha mãe me levava - tinha uns dois, três anos, para passar a tarde com ele para ele se distrair. Ele era quieto, gostava de mexer na horta. Lembro de ficar horas no colo dele enquanto ele lia e fazia palavras cruzadas.

      Então minha família vivia essas contradições.