A nossa sociedade sofre de um problema histórico e estrutural dentro das relações sociais, no qual um grupo de indivíduos se encontra em condições mais vantajosas do que outros. Ao pensar nesse processo, conhecido como desigualdade social, é comum relacionar automaticamente à pobreza; no entanto, a desigualdade é multidimensional, indo muito além da renda. Além da situação econômica, ela pode se dar por questões envolvendo raça, crença, gênero e sexualidade, entre outros.
Tal desnivelamento pode ser observado em diversas áreas da sociedade, como a falta de oportunidade no mercado de trabalho para mulheres — especialmente mães —, o não fornecimento de uma educação de qualidade a pessoas que não possuem condições de pagar por ensino, a ambientação não pensada em pessoas com deficiência — PCDs.
Uma posição de privilégio implica em uma parcela da sociedade em desvantagem, resultando em segregação e na perda de direitos básicos e de oportunidades. Além disso, a desigualdade também impulsiona a violência — criminal e policial, perpetuando a exclusão.
Pensar no contrário de exclusão (social) é pensar em inclusão; no entanto, não se trata apenas do ato de não-excluir, mas de adotar meios que combatam essa exclusão e acolham o(s) indivíduo(s) na sociedade. Assim, o termo já é auto-explicativo: trata-se do ato de incluir, promovendo a equidade e proporcionando as mesmas oportunidades a todes.
E, ainda que a desigualdade social seja um problema sistêmico, cujo fim se dará apenas com uma revisão de todo o sistema capitalista, que se baseia em segregação — justamente para manter essa hierarquia social —, é importante que se pense em medidas mais imediatas para acabar com a mesma.
Garante-se a inclusão social através de práticas e políticas que ampliam o acesso de grupos minoritários ao que lhes foi negado antes, fornecendo oportunidades e assegurando um ambiente seguro, livre de preconceitos e da violência fruto da discriminação.
Existe, então, uma extensa lista de medidas a serem tomadas para abolir essas barreiras. A acessibilidade, por exemplo, proporciona a possibilidade de PCDs terem acesso a lugares, serviços, produtos ou informações de maneira segura e autônoma, ainda que como uma solução temporária a um problema que é estrutural — a exclusão.
Dentre as diversas coisas que podem — e devem — ser feitas para incluir essas pessoas, é possível mencionar coisas básicas e presentes no dia a dia, como respeitar o nome e o pronome de pessoas trans — incluindo pronome neutro —, tornar as redes sociais acessíveis através de descrição de imagem, legenda em vídeos e indicadores de tom, e cotas raciais, mas vão muito além disso.
Entretanto, atitudes individuais não bastam, sendo necessário uma mudança na base do sistema socioeconômico, de modo que os ambientes não sejam apenas adaptados para acolher comunidades vulneráveis, mas sim feitos pensando nessas pessoas, assegurando, assim, uma vida digna e justa.