A direção da Confederação Geral do Trabalho (CGT) da Argentina emitiu um comunicado na noite de quarta-feira (28) em repúdio à violência policial sofrida por aposentados durante o protesto ocorrido no mesmo dia.

Aposentados reuniram-se em frente ao Congresso Nacional para afirmar sua posição contra o anúncio de veto do presidente do país à reforma dos valores de aposentadoria. Após serem empurrados, eles foram atingidos com gás lacrimogênio e bastões de polícia.

A CGT, maior confederação sindical do país, qualificou a violência da Polícia Federal como vergonhosa e rechaçou formalmente o anúncio de veto de Javier Milei à reforma na aposentadoria.

"Como se o iminente veto do presidente Javier Milei à reforma na aposentadoria que melhoraria suas rendas fosse pouco, assistimos novamente um ataque a nossos aposentados e aposentadas que, depois de uma vida inteira de trabalho, merecem, sem dúvida, um tratamento diferente daquele que este governo, com Milei pressionando e [Patricia] Bullrich reprimindo, está dando para eles”, declarou a nota.

Desde a aprovação da Lei de Bases em junho, reforma econômica ultraliberal que resultou em precarização das leis trabalhistas, a CGT rompeu diálogo com o governo e, até então, não havia se pronunciado sobre o anúncio de veto do presidente.

No último dia 22 de agosto, o Senado argentino aprovou, por ampla maioria, a reforma dos valores da aposentadoria do país, sendo uma das três derrotas sofridas pelo governo ultraliberal do presidente Javier Milei na última semana.

A aprovação ocorreu por 61 votos a favor e apenas oito contra e já havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados. O reajuste pretende conter a perda causada pela inflação ao atualizar mensalmente o valor com base em dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Além disso, também prevê incorporar uma quantia extra de 8,1% para compensar a perda dos primeiros quatro meses do mandato de Milei.

No entanto, Milei já havia dito que, se aprovada, a medida seria vetada por ele, reforçando o pacote ultraliberal de corte de gastos sociais do governo, que vem gerando uma profunda crise, tanto econômica como social.

Atividade econômica segue caindo

A crise econômica no país segue aparecendo nos indicadores econômicos. Segundo o Índice Geral de Atividades (IGA) da consultora Orlando J. Ferres e Associados, a atividade econômica caiu 3% em julho, acumulando um retrocesso de 8% desde dezembro de 2023. Em junho, a queda foi de 4,5%.

Ainda segundo o relatório, os setores com melhores indicadores de crescimento derivam de grandes indústrias e extrativistas. A mineração terminou o mês com um aumento de 9% em relação a julho de 2023. Agricultura, pecuária, caça e silvicultura também tiveram um aumento de 6,3% em relação ao mesmo mês do ano passado.