Sandra Hemme, uma mulher que ficou presa injustamente por 43 anos, foi libertada na sexta-feira (19) no Estado do Missouri, nos Estados Unidos, depois de sua condenação por assassinato ter sido anulada, e pôde se reunir com sua mãe e sua irmã.

Hemme, que tem 64 anos, estava cumprindo pena de prisão perpétua pela morte de Patricia Jeschke, funcionária de uma biblioteca, em 1980. Agora em junho, um juiz decidiu que os advogados que pediram a anulação da condenação apresentaram provas claras e convincentes da inocência da acusada.

De acordo o site “Innocence Project” (IP), especializado em casos de condenações injustas, “nenhuma testemunha ligou a Sra. Hemme ao assassinato, à vítima ou à cena do crime”. Ela não só não tinha motivo para machucar Jeschke, como sequer havia qualquer evidência de que as duas tivessem se conhecido.

As “únicas evidências” foram “suas próprias confissões falsas e não confiáveis”, arrancadas enquanto Hemme era tratada em um hospital psiquiátrico estadual e medicada “à força”.

Em suma, uma “confissão” arrancada de uma paciente em surto, na época, com 21 anos. Note-se que o IP, o Departamento de Polícia de St. Joseph, no Missouri, cidade onde ocorreu o crime, ocultou evidências que incriminavam um de seus agentes.

“O policial Michael Holman, que foi encontrado usando o cartão de crédito da vítima no dia seguinte ao assassinato; cujo caminhonete foi vista estacionada perto da casa da vítima no momento em que ela foi morta; em cujo armário foram descobertos os brincos da vítima; e que nos meses anteriores e posteriores ao assassinato da Sra. Jeschke cometeu muitos outros crimes contra mulheres.”

Na decisão, o juiz Ryan Hosman observou que “o advogado do julgamento teve um desempenho deficiente ao não apresentar evidências prontamente disponíveis que estabelecessem a condição psiquiátrica prejudicada da Sra. Hemme, medicação pesada e efeitos colaterais físicos e mentais que ela sofreu durante seus interrogatórios”, e prejudicou a Sra. Hemme.

“Dado que as suas declarações eram a única prova que a ligava a este crime, a falha do advogado em apresentar provas que teriam permitido ao júri concluir que ela era incapaz de compreender ou incapaz de relatar de forma fiável e comunicar com os seus interrogadores privou-a de um pilar central da sua defesa”, ressaltou Hosman.

O Tribunal concluiu que as evidências que implicavam o Sr. Holman eram tão significativas que seria difícil imaginar que o Estado pudesse provar a culpa da Sra. Hemme e decidiu por exonerá-la.

Segundo a CNN, após a libertação Hemme seguirá tendo de cumprir condições especiais. Hemme foi representada pelos advogados Jane Pucher, Andrew Lee e pelo professor de direito Sean O’Brien. O programa Innocente Project, desde 1992 já libertou 251 inocentes, que em média foram presos aos 27 anos de idade e ficaram indevidamente encarcerados por cerca de quatro décadas.