Após o investimento de mais de R$25 milhões na reconstrução do Complexo Turístico da Redinha, em Natal, a Prefeitura da cidade enviou para análise da Câmara Municipal um Projeto de Lei que prevê a concessão do espaço durante 25 anos para a iniciativa privada, o que preocupa os antigos comerciantes com a possibilidade do desemprego. O projeto deveria ser votado nesta quarta-feira (17), mas foi adiado por falta de quórum.
O projeto prevê que os atuais permissionários do mercado poderão manter os seus locais por mais três anos, tendo a chance de estender para seis. Depois disso, apenas 10% de todos os boxes e quiosques ficarão reservados a empresários da Redinha e somente 30% das vagas de emprego para moradores do bairro.
As atuações dos comerciantes locais se destacam pelo caráter familiar e tradicional, com os conhecimentos passados entre gerações. As famílias têm receio de que, sem a experiência em outras áreas, as oportunidades de emprego sejam escassas.
Além disso, a cultura local também pode estar ameaçada. A praia da Redinha é uma das mais tradicionais de Natal, sendo muito frequentada por turistas e pela população da Zona Norte. Foi ali que surgiu a ginga com tapioca, um dos pratos mais marcantes da culinária potiguar, declarado como patrimônio imaterial do estado.
Apesar de a manutenção do prato estar listada como obrigatória no projeto, o permissionário Rodrigo Dantas diz temer uma descaracterização da iguaria: “A prefeitura tá querendo fazer, na verdade, é uma limpeza social ali da beira da praia. Tá querendo tirar todos os trabalhadores que ali exerciam o seu trabalho para colocar várias empresas, se aproveitarem da cultura da ginga com tapioca, vender ginga com tapioca gourmet e transformar a praia numa praia de luxo”, denuncia.