Moradores da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, expulsaram no dia 17 de julho o pré-candidato a vereador pelo PSD, Salvino Oliveira, da área onde ocorria uma demolição de comércios dos trabalhadores da favela. Salvino é ex-secretário da Juventude do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e auxiliava na demolição. A Polícia Militar saiu em defesa do político e iniciou ataques com spray de pimenta e bombas de efeito moral.
A ação de demolição de 30 construções ocorreu sem aviso prévio aos moradores e foi coordenada pelo governador Cláudio Castro (do PL) e auxiliada pelo prefeito Eduardo Paes (do MDB). Assim que se iniciou a destruição das lojas, centenas de trabalhadores se reuniram para reagir à arbitrariedade, e Salvino tentou defender a prefeitura e dar continuidade à demolição. Segundo testemunhas, o político xingou um morador na hora da discussão.
Os trabalhadores acusaram Salvino de usar a imagem da favela para pedir votos e responderam o xingamento com uma série de pancadas e ovadas no pré-candidato. “Eduardo Paes não tinha que nunca mais entrar na Cidade de Deus”, disse um morador.
A PM, que dava cobertura para a equipe da prefeitura, protegeu Salvino e lançou spray de pimenta para dispersar os moradores Acabou que atingiram Salvino por acidente.
Novamente, o povo respondeu, dessa vez com pedras, fogos de artifício e fogo em latas de lixo e outros objetos. Uma base da PM foi atacada na batalha e a Rua Edgard Werneck, Estrada Miguel Salazar e a Estrada Gabinal foram fechadas nos dois sentidos.
O conflito continuou. Vídeos nas redes sociais mostram policiais disparando com fuzis e bombas contra os moradores. “Os caras tão enfrentando a polícia de fogos. Aquele lá ‘tomou um fogos’ e está abatidinho”, disse um morador enquanto narrava um vídeo.