Apenas um dia após o ataque russo a um hospital infantil em Kiev, os chefes de Estado e de governo das 32 nações que compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se reúnem em Washington. Apesar da guerra na Ucrânia estar no centro das discussões, o objetivo do encontro é celebrar o aniversário de 75 anos da aliança.

As pautas do evento que começa nesta terça-feira (09/07) e terá três dias de duração incluem a busca por tranquilizar a Ucrânia quanto a durabilidade do apoio do grupo na defesa frente à invasão russa.

Além disso, de acordo com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, há também a intenção de construir uma ponte para a inclusão da Ucrânia como membro da OTAN.

Por isso, está incluída na agenda do presidente norte-americano uma reunião bilateral com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky

Na noite desta terça (09/07), Joe Biden e a primeira-dama Jill Biden abrem a cerimônia de aniversário do Tratado, com um evento que acontece no Auditório Andrew W. Mellon, onde o documento foi assinado em 4 de abril de 1949.

Na tarde de quarta-feira (10/07), Biden deve falar publicamente aos líderes da OTAN e logo em seguida haverá um jantar que, entre outros propósitos, inclui dar as boas-vindas à Suécia, que ingressou no grupo este ano.

Este será também o palco para o primeiro encontro entre Biden e o recém-eleito primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, após uma vitória arrasadora do partido trabalhista no último dia 4 de julho.

Na quinta-feira (11/07), acontecem as reuniões de trabalho do grupo, que incluem também encontros com os parceiros do Indo-Pacífico – Austrália, Japão, Coreia do Sul e Nova Zelândia – com o objetivo de alinhavar futuras colaborações. A jornada deve terminar com uma reunião entre a OTAN e o Conselho da Ucrânia.

Está prevista também uma declaração da OTAN condenando o apoio da China à base industrial de defesa da Rússia, já que, segundo o governo norte-americano, a maioria dos semicondutores, bem como a nitrocelulose usados em propulsores de mísseis russos, provêm da China.

Para além das decisões sobre o conflito na Ucrânia, a expectativa do dia está posta no discurso com que Biden deve encerrar o evento. Se a performance durante o debate já havia iniciado uma crise na campanha de Biden à reeleição, um artigo publicado no jornal The New York Times listando oito visitas de especialistas em Parkinson à Casa Branca, só ajudou a colocar ainda mais tensão sobre esta aparição pública do presidente.

Desafio a Biden em meio a crise em sua campanha

Biden terá uma dura missão esta semana, já que além de mostrar seu poder de liderança junto aos líderes da OTAN, ele precisa também recuperar a confiança de seus companheiros de partido em meio a crise gerada em sua campanha de reeleição após o debate.

Enquanto seu adversário, Donald Trump, tem colocado em dúvida o papel que os Estados Unidos devem ocupar junto à organização, Biden busca convencer seus companheiros do grupo de que ele é capaz de vencer as eleições de novembro e assim garantir a continuidade das políticas de defesa acordadas até aqui.

Alguns líderes europeu expressaram recentemente preocupação com a postura de Trump em relação à aliança e, de acordo com o presidente, pediram-lhe claramente que não deixe o republicano voltar à Casa Branca.

“A gravidade deste momento é maior do que o esperado”, avaliou a pesquisadora do Centro Europeu do Atlantic Council, Rachel Rizzo, em entrevista ao USA Today.

“Há uma pressão extra para que ele cumpra a agenda deste encontro de uma forma que tranquilize os aliados e também o povo americano. Que certifique que ele está apto e pronto para fazer este trabalho, não apenas até o final de sua presidência, mas potencialmente por mais quatro anos”, concluiu.

Joe Biden terá uma dura missão esta semana, já que além de mostrar seu poder de liderança junto aos líderes da OTAN, ele precisa também recuperar a confiança de seus companheiros de partido em meio a crise gerada em sua campanha de reeleição após o debate A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, garantiu aos jornalistas presentes na coletiva de apresentação do encontro que eles “estão prestes a presenciar o presidente atuando como um líder”. E lembrou ainda que “os líderes estrangeiros viram o presidente de perto e pessoalmente nos últimos três anos e sabem com quem estão lidando e quão eficaz ele tem sido”.

As chances de que Biden cometa gafes durante o evento, porém, são menores que em outras ocasiões, já que as reuniões se darão a portas fechadas. As declarações à imprensa também apresentam menos risco, uma vez que provavelmente seguirão um roteiro escrito previamente o qual o presidente poderia acessar com o uso de um teleprompter, como tem feito em suas aparições públicas após o debate.

O que é a OTAN?

A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi fundada em 1949 por 12 nações com o objetivo de combater a ameaça à segurança europeia representada pela União Soviética durante a Guerra Fria. Lidar com Moscou, portanto, faz parte do DNA da organização.

De um modo geral, Washington é quem dita a agenda, já que os Estados Unidos são o membro mais poderoso, que gasta mais em defesa do que qualquer outro aliado.