Entre junho e agosto, algumas cidades do Brasil recebem o 8 ½ Festa do Cinema Italiano. É a 11ª edição do evento, que reserva ao público um filme surpreendente: “Ainda temos o amanhã” (“C’è ancora domani”). O material de divulgação informa que o longa marca a estreia de Paola Cortellesi como diretora – obra essa que “entra com o pé direito no Olimpo do cinema italiano”. Não é exagero não.
Assistimos à exibição ocorrida em Curitiba, no Cine Passeio. A sala de mais ou menos 100 lugares estava com pelo menos 90% da capacidade preenchida, e a reação desse público em alguns pontos de virada da narrativa era o termômetro para medir o quão impactante a trama se apresentava. E, melhor, de forma natural. Sem forçação, sem apelação.
A história pela história – bem tratada pela opção preto e branco, pela cenografia, fotografia e, principalmente, desempenho espetacular do elenco – por si só fazia a gente se remexer na poltrona. Ora de aflição, ora de raiva, por vezes até com certa descontração, mas sempre por muita empatia pelo drama vivido pela personagem protagonista, Delia, interpretada pela própria Paola Cortellesi. Impossível era se manter inerte no assento.
Uma Itália no pós-guerra, enfrentando, em 1946, desigualdades sociais, e caracterizada por sociedade fortemente machista compõe o enredo. Na trama central, a violência física, moral e psicológica sofrida por Delia, praticada pelo marido; a entrega da mulher aos filhos, uma adolescente e dois meninos crianças. Dizer mais não convém, é risco de revelar preciosidades do enredo que devem ser preservadas para o encontro com o filme na tela grande. “Ainda temos o amanhã” segue com exibições, dentro do 8 ½ Festa do Cinema Italiano, nas seguintes cidades:
– Niterói (RJ), no Cine Arte UFF, dias 9 de julho – Aracaju (SE), no Cine Vitória, em 9 de julho – Camaquã (RS), no Cine Teatro Coliseu, em 9 de julho – Palmas (TO), em agosto, em data a ser divulgada