O presidente francês Emmanuel Macron rejeitou a demissão do primeiro-ministro Gabriel Attal, na sequência do resultado eleitoral caótico que não conferiu maioria a nenhum dos partidos na Assembleia Nacional.
Uma ampla coligação de esquerda, a Nova Frente Popular, obteve o maior número de lugares na segunda volta das eleições de domingo, mas não conseguiu obter a maioria.
A coligação ficou à frente do Rassemblement National (RN), partido de extrema-direita, que ficou em terceiro lugar, atrás do partido centrista de Macron. A afluência às urnas foi elevada.
O resultado deixa a França perante a perspetiva de um parlamento suspenso e de paralisia política.
Apesar de a extrema-direita ter aumentado significativamente o número de lugares que detém no parlamento, ficou muito aquém das expectativas.
O que acontecer em França poderá ter impacto na guerra na Ucrânia, na diplomacia global e na estabilidade económica da Europa.
Alívio prevalece na Alemanha, diz o porta-voz do governo
O governo da Alemanha, que, juntamente com a França, é visto como o motor da integração europeia, expressou alívio, na segunda-feira, pelo facto de a extrema-direita nacionalista não se ter tornado o partido mais forte.
“Para já, prevalece um certo alívio pelo facto de as coisas que temíamos não se terem materializado”, disse um porta-voz do chanceler alemão Olaf Scholz aos jornalistas em Berlim. “Só o tempo dirá o que acontece com este resultado eleitoral e a França decidirá”.
“A relação germano-francesa é muito especial”, acrescentou Steffen Hebestreit. “É certamente também o núcleo do facto de estarmos a viver a Europa em paz e liberdade”.
Gabinete de Macron em reunião pós-eleitoral
Os membros do gabinete do Presidente francês Emmanuel Macron chegaram ao palácio presidencial, na segunda-feira, após os resultados das eleições não terem deixado nenhuma fação política com maioria.
Entre os que chegaram, ao final da manhã, estavam o primeiro-ministro nomeado por Macron, há apenas sete meses, e o ministro do Interior.
O primeiro-ministro Gabriel Attal anunciou que apresentaria a sua demissão, mas disse que ficaria “enquanto o dever o exigisse”. A sua saída deixaria a França sem chefe de governo a menos de três semanas do início dos Jogos Olímpicos de Paris.
No domingo, Attal deixou claro que discordava da decisão de Macron de convocar eleições. Os resultados das duas rondas de votação não deixaram um caminho claro para formar um governo, nem para a coligação de esquerda que ficou em primeiro lugar, nem para a aliança centrista de Macron, nem para a extrema-direita.