A OTAN anunciou nesta quarta-feira (26/06) a nomeação do primeiro-ministro holandês em fim de mandato, Mark Rutte, como seu novo secretário-geral, em um momento crítico devido à guerra na Ucrânia e ao possível retorno de Donald Trump à presidência dos EUA.

Rutte, 57 anos, assumirá o cargo em 1º de outubro, substituindo o norueguês Jens Stoltenberg, e recebendo o comando da Organização do Tratado do Atlântico Norte em um momento particularmente delicado.

“O Conselho do Atlântico Norte decidiu nomear o primeiro-ministro Mark Rutte como o novo secretário-geral da Otan”, anunciou a aliança depois que os embaixadores dos países membros aprovaram a nomeação.

Os líderes da OTAN deverão referendar a eleição na cúpula a ser realizada de 9 a 11 de julho em Washington.

“Construtor de consenso”

Quase imediatamente, Stoltenberg saudou a nomeação de Rutte com uma mensagem de congratulações na rede X. “Ele é um líder forte e um construtor de consenso. Desejo a ele todo o sucesso. Sei que deixo a Otan em boas mãos”, afirmou.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a liderança e a experiência de Rutte “serão cruciais para a aliança durante esses tempos difíceis”.

“Estou ansiosa para trabalhar com você para fortalecer ainda mais a parceria UE-OTAN”, acrescentou.

Líderes de outros países da OTAN parabenizaram o holandês. O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, por exemplo, escreveu na plataforma X: “Caro Mark Rutte, parabéns! E boa sorte como secretário-geral da Otan. Raramente nossa aliança foi tão importante como é hoje. Sua experiência, conhecimento em política de segurança e habilidades diplomáticas vieram para o lugar certo. Uma boa escolha para a liberdade e a segurança”.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, declarou estar confiante de que Rutte dará continuidade “ao excelente trabalho de Stoltenberg para fortalecer para manter a OTAN forte e unida”.

Ulf Kristersson, chefe de governo da Suécia, novo membro da Otan, descreveu Rutte como um “líder extraordinário”.

O secretário-geral da OTAN tem a função principal de coordenar os processos de coordenação política entre os aliados e garantir que o consenso possa ser alcançado mesmo em questões difíceis. Como também pode fazer propostas de ação, ele desempenha um papel decisivo, especialmente em tempos de crise ou conflito.

Desde o início de sua campanha, Rutte conquistou o apoio dos principais membros da Otan, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido.

A corrida pela nomeação ao cargo pendeu a seu favor na semana passada, depois que o único candidato restante, o presidente romeno Klaus Iohannis, desistiu de suas aspirações e declarou seu apoio a Rutte.

Além disso, o líder holandês ganhou o apoio de dois países abertamente hostis à sua indicação, a Hungria e a Turquia.

Grandes desafios

O experiente líder holandês, que chefiou o governo de seu país por 14 anos, é visto como um líder capaz de administrar a aliança em tempos de grandes desafios.

Enquanto enfrenta o espectro de um possível retorno do ex-presidente dos EUA Donald Trump à Casa Branca após as eleições de novembro, Rutte também terá que lidar com a ameaça do líder russo Vladimir Putin no flanco oriental.

Um firme aliado da Ucrânia, Rutte liderou uma iniciativa para fornecer ao país caças F-16 como forma de ajudá-lo a combater a invasão russa.

Como chefe da OTAN, ele desempenhará um papel fundamental para convencer os países da aliança a continuar apoiando a Ucrânia.

O chefe de gabinete do governo ucraniano, Andrii Yermak, disse na plataforma social X que a “liderança e a dedicação de Rutte aos princípios democráticos” são “cruciais para o nosso futuro compartilhado”.

A guerra na Ucrânia revigorou a OTAN, que estava lutando para encontrar um propósito após o fim da Guerra Fria, e levou as nações europeias a aumentar seus gastos com defesa.

Agora, Rutte terá que garantir que a OTAN esteja em condições de lidar com a ameaça estratégica que, de acordo com a aliança, a Rússia representará nos próximos anos.

Seu maior desafio, no entanto, poderá ser manter a OTAN unida se Trump voltar a ocupar a presidência dos EUA. Durante seu mandato, Trump foi um forte crítico da aliança e chegou a considerar a retirada dos EUA da aliança transatlântica.

Em sua campanha de reeleição, Trump voltou à carga, afirmando que incentivaria a Rússia a fazer “o que quiser” com os países da OTAN que não gastam o suficiente em defesa.

Rutte terá que seguir os passos de Stoltenberg, o ex-primeiro-ministro norueguês que liderou a OTAN durante uma década crítica para a aliança. O inflexível e, às vezes, robótico Stoltenberg foi amplamente elogiado por manter a unidade e fortalecer a aliança durante um período tumultuado.

Rutte será o quarto holandês a ocupar o cargo de secretário-geral da Otan, OTAN de Dirk Tikker (1957-1963), Joseph Luns (1971-1984) e Jaap de Hoop Scheffer (2004-2009).