O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse esta quarta-feira (26/06) que só aceitará ter uma reunião bilateral com seu homólogo argentino, Javier Milei, após este pedir desculpas “a mim e ao Brasil”.

A declaração aconteceu durante uma entrevista ao portal UOL. Segundo o mandatário, Milei “falou muita bobagem” sobre ele nos últimos meses.

“A Argentina é um país que eu gosto muito, é um país muito importante para o Brasil, o Brasil é muito importante para a Argentina, e não é um presidente da República que vai criar uma cizânia entre o Brasil e a Argentina. O povo argentino e o povo brasileiro são maiores que os presidentes”, frisou Lula.

As palavras do presidente aludem a declarações feitas por Milei durante sua campanha eleitoral, em 2023, quando chamou Lula de “comunista” e “corrupto”, e assegurou que, em seu governo, a Argentina romperia relações com o Brasil – medida que não se confirmou em seus primeiros sete meses de governo.

Resposta da Casa Rosada

As declarações de Lula foram rapidamente respondidas pelo porta-voz da Presidência da Argentina, Marcelo Adorni.

Em uma coletiva na Casa Rosada, o funcionário assegurou que o presidente Javier Milei não pedirá desculpas a Lula.

“Nós respeitamos as pretensões do presidente Lula, mas o presidente Milei considera que não cometeu nada pelo que tenha que se arrepender, ao menos até agora”, afirmou Adorni.

O porta-voz acrescentou que o governo argentino considera que não há rusgas entre os dois países atualmente e citou a recente reunião do G7 como exemplo. “Durante o evento, na Itália, não houve uma reunião bilateral (entre Lula e Milei), mas se encontraram de forma casual e se cumprimentaram cordialmente, como devem fazer dois presidentes de nações que tem tanto em comum”, completou.

Foragidos bolsonaristas

Nesse mesmo trecho da entrevista, o presidente brasileiro abordou o tema dos bolsonaristas que pediram asilo na Argentina após serem condenados pela Justiça brasileira por terem participado da tentativa frustrada de golpe de Estado no dia 8 de janeiro.

Segundo o mandatário, o tema está sendo tratado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pelo diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que estão negociando diretamente com as autoridades argentinas.

“Se esses caras não querem vir, que sejam presos lá, que cumpram a pena na Argentina”, comentou Lula, após afirmar que as conversações entre representantes dos dois países sobre esse tema têm avançado cordialmente, apesar das discrepâncias ideológicas entre os governos.