O 6º Tribunal Federal de Buenos Aires deu início nesta quarta-feira (26/06) ao julgamento do brasileiro Fernando Sabag Montiel, que tentou matar a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em atentado frustrado ocorrido no dia 1º de setembro de 2022.
Montiel, de 37 anos, é acusado de tentativa de homicídio duplamente qualificado, crime que, pelo código penal argentino, pode resultar em uma pena máxima de 15 anos de prisão.
Além dele, outras duas pessoas estão sendo julgadas por sua participação no atentado: a artista de rua Brenda Uliarte, ex-namorada de Montiel, que teria ajudado no planejamento e execução do plano, e o vendedor ambulante Nicolás Carrizo, amigo do brasileiro e, segundo os investigadores, a pessoa que forneceu a arma sabendo que ela seria usada no ataque.
Atentado frustrado
No dia 1º de setembro de 2022, Montiel se infiltrou em um grupo de simpatizantes de Kirchner que se reunia em frente à residência da então vice-presidente argentina – cargo que ela ocupou durante o governo de Alberto Fernández, entre 2019 e 2023 –, junto com sua então namorada, Brenda Uliarte, que também participou do planejamento da ação.
Enquanto a política cumprimentava seus apoiadores, o brasileiro se aproximou dela e, uma vez cara a cara com Cristina, sacou a arma emprestada por Carrizo e apertou o gatilho duas vezes. A perícia realizada na pistola mostrou que a arma estava destravada no momento do atentado, mas devido a uma imperfeição interna o gatilho acabou não acionando os disparos, o que evitou a consumação do crime.
O brasileiro tentou fugir, mas foi rapidamente contido por agentes da Polícia Federal argentina que faziam a custódia da vice-presidente, configurando uma prisão em flagrante. Sua namorada conseguiu escapar, mas foi encontrada e detida dias depois. Carrizo foi preso após Montiel envolvê-lo em um dos seus depoimentos sobre o caso.
Segundo a imprensa local, os investigadores do caso ouviram mais de 200 testemunhas, além de contar com ao menos dois vídeos que mostram o ataque a Cristina de ângulos diferentes.
O relatório da investigação descreve Fernando Sabag Montiel como um “motorista de aplicativos” e enfatiza o fato de ele ter uma “personalidade narcisista” e algumas tatuagens com símbolos neonazistas, além de apresentar um “discurso no qual evidencia seu ódio à figura de Cristina Kirchner”.