Um áudio vazado do ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, revelou que o governo está envolvido em um plano sigiloso que prevê mais controle de Tel Aviv sobre a região da Cisjordânia ocupada.

De acordo com uma reportagem do jornal The New York Times (NYT) publicada nesta sexta-feira (21/06), a gravação do discurso, com duração de aproximadamente 30 minutos, sugere que o objetivo de Israel é anexar a Cisjordânia e impedir com que ela se torne um Estado palestino.

“Estou dizendo a vocês [colonos], é megadramático […] essas mudanças alteram o DNA de um sistema”, afirmou o integrante da coalizão de extrema direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, num evento realizado em 9 de junho.

De acordo com o NYT, a Suprema Corte de Israel decidiu que o domínio israelense sobre o território “equivale a uma ocupação militar temporária supervisionada por generais do exército, e não uma anexação civil permanente”.

Nesse sentido, o ministro das Finanças teria delineado “um programa cuidadosamente orquestrado para tirar a autoridade sobre a Cisjordânia das mãos dos militares israelenses e entregá-la aos civis que trabalham para Smotrich no Ministério da Defesa”, acrescentando que fases do plano já foram introduzidas nos últimos 18 meses.

“Será mais fácil de engolir no contexto internacional e jurídico”, disse Smotrich, acrescentando que um sistema civil foi criado separadamente “para que não digam que estamos fazendo anexação aqui”.

Netanyahu está “conosco”, disse ainda o ministro durante seu discurso.

O NYT afirma que, durante décadas, o Supremo Tribunal de Israel tem considerado o controle de Tel Aviv sobre a Cisjordânia ocupada como uma “ocupação militar, supervisionada por um general sênior, que está em conformidade com as leis internacionais aplicáveis a territórios ocupados”.

Embora a coalizão de extrema direita do atual governo questione o termo “ocupação”, ela também nega que o território tenha sido anexado permanentemente pelas autoridades civis de Israel.