Os promotores da cidade norte-americana de Nova York retiraram as acusações contra a maioria dos estudantes e ativistas que foram presos por ocuparem um prédio acadêmico da Universidade de Columbia em protesto contra os financiamentos da instituição a empresas sionistas que lucram com a guerra em Gaza.

Das 46 pessoas detidas em abril pela ocupação do Hamilton Hall, 31 tiveram suas acusações rejeitadas na quinta-feira (20/06). Segundo o gabinete do promotor distrital de Manhattan, a decisão foi tomada pela “discricionariedade do Ministério Público e falta de provas”.

Todos os manifestantes que foram presos na noite de 30 de abril foram inicialmente acusados de infração penal em terceiro grau, o que é uma contravenção segundo a lei dos Estados Unidos.

Naquele dia, funcionários da universidade autorizaram a entrada das forças policiais ao Hamilton Hall após os estudantes terem se recusado a sair e manter a manifestação. Nenhum dos detidos tinha antecedentes criminais.

A 14 réus – 12 dos quais não eram funcionários nem estudantes da Columbia – os promotores propuseram arquivar seus casos e até possivelmente rejeitar as acusações com a condição de que não se envolvessem em “conduta criminal adicional” durante os próximos seis meses. No entanto, por unanimidade, todos rejeitaram a oferta e concordaram em retornar ao tribunal em 25 de julho para apresentar uma “frente unida contra a repressão estatal”.

“Estamos aqui hoje unidos por nossa ação e pela causa palestina […] O Estado tentou, mais uma vez, dividir-nos, descartando alguns dos nossos casos e oferecendo outros acordos conforme a sua narrativa”, afirmou um dos manifestantes em coletiva, na quinta-feira.

“Todos nós que participamos da libertação do Hind’s Hall fomos movidos pela mesma necessidade de escalar, escalar para Gaza, resistir ao genocídio selvagem de nossos irmãos na Palestina”, continuou, acrescentando que a decisão de rejeitar a proposta visa exercer um “direito comum de nos opor à máquina de guerra dos Estados Unidos”.

Protesto na Columbia

Nos últimos meses, a Universidade de Columbia tem sido o centro das atenções das mobilizações estudantis em solidariedade aos palestinos na Faixa de Gaza.

Em 30 de abril, autoridades da Universidade de Columbia ordenaram que a polícia realizasse uma varredura nos campi da instituição.

A operação policial foi convocada depois que estudantes tomaram o prédio acadêmico de Hamilton Hall e o nomearam de “Hind’s Hall”, em homenagem à menina palestina de seis anos que foi assassinada em fevereiro por disparos de tanques israelenses.

Na ocasião, ao portal Middle East Eye, testemunhas relataram que a polícia fazia uso de agressão e violência contra os manifestantes, impedindo também assistência médica aos feridos.

Em maio, ex-alunos da Columbia assinaram uma carta se comprometendo a reter “todo o apoio financeiro, programático e acadêmico” à universidade até que uma lista de 13 demandas fosse atendida, incluindo uma exigência de desinvestimento de “todas as empresas e instituições que financiam ou lucram com o apartheid, genocídio e ocupação israelenses na Palestina”. O documento também pedia o financiamento de cuidados médicos necessários para os estudantes “brutalizados pela polícia novaiorquina”.