Um cidadão palestino se encontra detido com sua família no escritório da Polícia Federal do Aeroporto de Guarulhos, neste sábado (22/06), ameaçado de deportação arbitrária por perseguição sionista. Ao lado de sua esposa grávida de sete meses, seu filho de cinco anos e sua sogra, idosa, a possibilidade é de que todos sejam extraditados ainda nesta noite.
Tudo começou quando Muslim M. A. Abuumar Rajaa, que atua como professor universitário e diretor do Centro de Pesquisa e Diálogo da Ásia e do Oriente Médio (OMEC), desembarcou em São Paulo na sexta-feira (21/06) e foi surpreendido por uma pergunta feita pela unidade policial do local.
“Ele [o policial] perguntou sobre o que ele [Muslim] pensa a respeito do genocídio em Gaza, o que pensa sobre a resistência palestina”, relatou Habib Omar, irmão de Muslim, procurado por Opera Mundi, afirmando que se trataram de questionamentos com motivações políticas. “Ele tem visto para três meses aqui. Já passou pela Embaixada do Brasil na Malásia. Não tem problema nenhum”.
À reportagem, Omar ainda informou que seu irmão está relacionado com instituições acadêmicas na Malásia. Estudioso e engajado na área de relações internacionais, não houve motivo plausível para a conduta tomada pela autoridade policial. “Eles fizeram perguntas com base em fake news, isso não é aceitável”, disse.
Ordens vinculadas à agência sionista
A Opera Mundi, o presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), Ahmad Shehada, revelou que as ordens partiram diretamente da chefia de Inteligência da Polícia Federal, em Brasília, que possui laços com o Instituto para Operações Especiais e de Inteligência de Israel (Mossad).
“A ordem veio de Brasília para Guarulhos. E eles [Polícia Federal] não tinham como passar por cima da ordem”, explicou. “Mostraram um site estrangeiro de fonte israelense, afirmando que ele é acusado e faz parte da resistência palestina, que em especial coopera com Hamas. Perguntaram se faz parte de algum partido palestino, se faz parte da resistência, perguntas que não têm nada a ver com o Brasil”.
A pedido da defesa de Muslim, a Polícia Federal acessou o sistema de serviço nacional do órgão, onde não constou nenhuma justificativa sobre a detenção. Segundo o presidente da Ibraspal, a situação expõe as intenções políticas por trás dessa decisão, incluindo o fato de a própria polícia ter confirmado que as ordens teriam partido de um “chefe” em Brasília.
“Investigando, esse delegado que está em Brasília trabalha no serviço de inteligência da Polícia Federal, que também trabalhava para o Mossad no ano passado. É o mesmo departamento”, revelou.
Ainda de acordo com Shehada, a família só não foi deportada na noite anterior porque a esposa, que é gestante, passou mal depois de uma exaustiva viagem iniciada na Malásia, com escala no Catar e, em seguida, outras 15 horas até o desembarque no território brasileiro.
À reportagem, Omar afirmou diversas vezes que a situação “não é aceitável” e relatou que em mais de 20 anos vivendo na Malásia, e outros na Palestina, seu irmão nunca tinha passado por algo parecido.
“Isso acontece depois do 7 de outubro, quando começou a intensificar essa perseguição contra os palestinos, contra aqueles que criticam o regime sionista e genocida do Israel. Acusar de terrorista ou de antissemita já são acusações prontas, tudo isso para aterrorizar os ativistas contra o crime do regime sionista”, disse o presidente do Ibraspal.