Sem luz em casa há 5 dias, mulher ‘vai dormir’ em concessionária de energia e aproveita tomada e ar-condicionado: ‘aqui está fresquinho’
A nutricionista Eline Nascimento saiu de casa com um colchonete nas mãos após ter feito ligações para Enel tentando uma solução. A energia foi restabelecida na casa dela, em Cabo Frio (RJ), duas horas depois do protesto.
Depois de ficar cinco dias sem energia elétrica, com os produtos estragando na geladeira, e quatro noites sem conseguir dormir por causa do calor e dos mosquitos, a nutricionista Eline Nascimento decidiu pegar o colchonete e ir dormir onde ela sabia que não faltaria energia: na própria loja da concessionária Enel, em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio.
“Em casa eu não consigo dormir, mas aqui tá fresquinho, tem ar-condicionado. Então, eu vou entrar aqui e só saio daqui presa. Mas eu vou entrar aqui, ficar nesse ar-condicionado, até resolver o meu problema”, disse Eline em vídeo postado nas redes sociais.
Ao g1, Eline contou que, quando chegou na loja, nesta sexta-feira (2), a primeira atitude da atendente foi chamar a polícia.
“Para me tirar de lá porque eu estava fazendo algo que eu não deveria, mas na opinião deles, porque eu sei que eu não estava atrapalhando a vida de ninguém e nem fazendo algo que fosse indevido. Em vez de serem solidários com o que eu estava passando, chamaram a polícia. Não fui só por mim. Eu fui lá pelo meu bairro”, explicou.
Duas horas depois de estar acampada na Enel, Eline foi informada de que a energia havia sido restabelecida em sua casa. Ela, então, postou um novo vídeo explicando que estava voltando para casa.
“Duas horas depois que acampei aqui, para dormir meu soninho justo, fui informada de que a energia voltou na minha residência”.
“Eu aconselho você a fazer o mesmo! Vá acampar na Enel. Leve seu colchão, seus filhos, seu cachorro, seu papagaio, seu periquito e mostre para essa empresa que ela tem que ter respeito pelo consumidor”, disse. Como o problema começou Ao g1, Eline explicou que mora em Angra dos Reis, mas tem casa em Cabo Frio, para onde viajou com a família para passar uns dias neste fim de ano.
No último domingo (15), por conta dos ventos, o relógio da casa dela, no bairro Jardim Peró, entrou em curto e parou de funcionar. Na segunda-feira (16), a cidade foi atingida por uma tempestade, quando outras áreas da região também ficaram sem energia.
“Por conta do problema da chuva, do vento, você entende que tem um problema geral, então, você espera um pouquinho para eles resolverem. Mas aí, passou segunda, terça, e eu ligando, entrando em contato, e nada. Tenho vários protocolos. Fiz tudo o que eu poderia fazer dentro da questão de ligar, contar o problema, pedir a emergência, ligar na madrugada, sem energia, minhas coisas tudo estragando. Não consegui dormir. Tendo que carregar meu telefone no supermercado, e minhas coisas estragando”.
Eline contou que, ao ligar para tentar uma solução, ouvia dos atendentes da Enel que estava todo mundo passando pelo mesmo problema.
“A sensação de impotência é muito grande. Você se sente um lixo. Você não tem onde reclamar. Vai reclamar onde? Quem pode te ajudar? Você vai contar com quem para resolver uma situação como essa? Com a empresa, você briga. Entrar na Justiça, você leva um mês, dois, três meses para você ter um retorno de algo que você precisa de imediato e que paga para ter. Nós somos obrigados a engolir essa empresa. Eu não escolhi a Enel. Estou nela porque não tenho opção”, desabafou.
O g1 entrou em contato com a concessionária Enel, que enviou a seguinte nota:
“A Enel Distribuição Rio informa que está analisando a ocorrência e o processo de atendimento à cliente. A distribuidora esclarece que a energia foi restabelecida na rua da cliente no mesmo dia em que o primeiro chamado foi aberto. No entanto, uma ocorrência no medidor de energia da casa da cliente impediu que o serviço fosse normalizado. A Enel Rio está analisando as causas da falha no medidor e o que levou à demora do atendimento”.