Pontos importantes:
A prevalência de insegurança alimentar severa no Brasil passou de 1,9% da população brasileira entre 2014 e 2016 para 9,9% de 2020 a 2022. Isso significou um salto de 4 milhões para 21 milhões de pessoas no período.
A taxa de insegurança alimentar moderada ou severa no total da população foi ainda maior: passou de 18,3% para 32,8%. Se há quase dez anos o Brasil tinha 37 milhões nessa situação, hoje a insegurança alimentar atinge 70,3 milhões de brasileiros.
Imagino a situação que teria sido sem o Auxílio Emergencial.
A explosão de insegurança alimentar se deve a escolhas políticas do governo Temer e Bolsonaro. Em especial a política de manter estoque zero na Conab. Essa política já vinha acontecendo desde o governo Temer e teve continuidade no governo Bolsonaro, mesmo quando ficou evidente que o mundo inteiro teria que interromper o comercio internacional( e tudo mais). Foi uma escolha do governo, em especial do Sr Paulo Guedes. Não se tomou nenhuma medida para refazer emergencialmente um estoque estratégico emergencial, pelo contrario se permitiu aos produtores que exportassem livremente comida para o exterior enquanto as pessoas aqui estavam passando fome e insegurança alimentar com o crescente preço dos alimentos. E veja bem, o governo poderia ter feito mil e uma medidas para compensar os produtores que em vez de venderem para o exterior, vendessem para o governo. Poderiam pagar até a nível ou acima do mercado internacional. E nesse caso estamos falando de produtores que a principio estavam produzindo para o mercado interno e por causa do cambio resolveram vender para o exterior. A mudança de política se deu agora no novo governo e é importante dizer que formar estoques não é algo trivial. É algo que leva algum tempo. Os alimentos já estão baixando mas para sentirmos os efeitos desses estoques refeitos vai se levar mais tempo, talvez no próximo ano já podemos ter conseguido formar estoque, depende de vários fatores.
Não vejo a relação disso com a proposta. Enquanto comida custar dinheiro, sempre vai ter o problema de quem não tem acesso a renda não conseguir comer dentro da lei, mesmo que o custo seja pouco. Garantir a alimentação de todo o cidadão independente da sua situação financeira deveria ser a prioridade número 1 de todo país agricultor.
Então cara, fazer comida custa recursos. E para resolver a questão não basta somente dar dinheiro para as pessoas. É importante tomar medidas tanto na esfera da demanda, quanto da oferta. Um salário mínimo decente, por exemplo é uma dessas medidas(no lado da demanda). Uma política de soberania alimentar, com compras publicas e manutenção de estoques estratégicos/ e de segurança, é outra medida, do lado da oferta, que também ajuda a manter os alimentos baratos. É importante tomar medidas dos dois lados, senão no fim a coisa não funciona.